Três de um par perfeito. Talvez o título da canção do King Crimson, executada na noite, funcione perfeitamente para descrever a apresentação do Adrian Belew Power Trio no Carioca Club em São Paulo. Um trio que levou ao palco um par perfeito formado entre o virtuosismo e a musicalidade como poucas vezes são vistas quando talentosos músicos se juntam em um grupo.

Pela primeira vez com sua banda no Brasil, o guitarrista Adrian Belew tem um currículo invejável: passagens e colaborações com nomes como Frank Zappa, David Bowie, Nine Inch Nails e Talking Heads, nomeação para um Grammy Awards e até o desenvolvimento de aplicativos musicais para iPads, além de claro, sua permanência no King Crimson, sendo o segundo músico que mais permaneceu no grupo além de Robert Fripp.

Adrian Belew

Adrian Belew

Quando um artista de tamanho talento se apresenta não é incomum o fato de somente ele brilhar enquanto o restante da banda de apoio fica em segundo plano, o que para a felicidade de todos não aconteceu. Junto do impressionante baterista Tobias Ralph e a talentosíssima baixista Julie Slick, o trio fez o que pode ser dito sem ressalvas: um dos melhores shows do ano.

Sem deixar o ritmo da apresentação cair, ou seja, sem exibições virtuosas desnecessárias tão comuns quando talentosos músicos sobem juntos num palco, o trio apresentou um repertório que mesclou canções da carreira solo de Adrian com clássicos do King Crimson como “Frame By Frame”, a já citada “Three of a Perfect Pair” e “Indiscipline”.

Tobias Ralph

Tobias Ralph

Claro que os clássicos do King Crimson empolgaram todos os presentes, mas mais do que isso, a incrível performance de Adrian que brinca, pula e sorri enquanto toca com uma facilidade ridícula complicados riffs, licks e solos levantava o humor de qualquer um ali.

Poucos são os guitarristas que tem tamanha habilidade técnica e não fazem um show enfadonho que só agrada estudantes de música, com exceções. Não havia ali o uso de milhões de notas por segundo em técnicas mirabolantes, apenas a técnica que, ao invés de se sobressair na verdade servia a uma musicalidade ora experimental, ora rock e progressiva e até, por que não, com um pé no pop.

Julie Slick

Julie Slick

Dessa forma, a quantidade de músicas apresentadas e divididas em dois atos pareceu passar rapidamente enquanto os presentes se envolviam no que acontecia no palco respondendo cada um a sua forma, de sorrisos à palmas ou cantando algumas canções. Independente do motivo que levou à pessoa ao show, não houve como não se surpreender ou se empolgar, afinal, quando no palco estão músicos que demonstram estarem completamente empolgados e felizes com o que estão fazendo, não há como a plateia não reagir de forma positiva.

Uma pena talvez que não houveram muitos presentes, mas dos que estavam ali, uma certeza: uma apresentação que vai ser lembrada por todos por tempos e figurar nas listas de melhores shows do ano e, até da vida de muitos ali.

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Setlist:

The Momur
Big Electric Cat
Men in Helicopters
The Lone Rhinoceros
Dinosaur (King Crimson cover)
One Time (King Crimson cover)
Three of a Perfect Pair (King Crimson cover)
b
Frame by Frame (King Crimson cover)
Beat Box Guitar

Heartbeat (King Crimson cover)
Walking on Air (King Crimson cover)
Ampersand
Young Lions
Neurotica (King Crimson cover)
Of Bow and Drum
b3
Futurevision
e

Bis:
Indiscipline (King Crimson cover)