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Seguindo seu estilo visual característico, Wes Anderson retorna aos cinemas em 2025 com ‘O Esquema Fenício’ no qual nos apresenta o empresário e investidor Zsa-Zsa Korda (Benício del Toro) em sua jornada de reconciliação com sua única filha mulher, a noviça Liesl (Mia Threapleton) após sobreviver a mais uma de inúmeras tentativas de assassinato, enquanto coloca em prática o esquema do título, um empreendimento que garantirá à sua família lucros pelos próximos 150 anos.

Del Toro, brilhante como sempre, se mostra a escolha correta para o papel de Zsa-Zsa, enquanto exploramos suas camadas que vão desde a ganância de um magnata, à fraqueza, traumas e arrependimentos que seu personagem tem. Tudo isso em situações absurdas, uma característica do diretor, que também explora mais cenas de ação e suspense do que o habitual em sua filmografia.

A novata Mia Threapleton, que trabalha com o diretor pela primeira vez, rouba diversas cenas com suas respostas certeiras contrapondo as características questionáveis de seu pai enquanto é acompanhada, pelo também estreante com o diretor, Michael Cera, que interpreta seu tutor Bjorn. Cera, com um timing cômico impecável parece ter nascido para trabalhar em uma trama de Wes Anderson, sendo até estranho nunca ter feito isso.

Enquanto seguem em sua jornada para concluir o empreendimento, a relação entre pai e filha é explorada por Anderson em diálogos absurdos em cenas preto e branco, nas quais o personagem de Del Toro se encontra em um tipo de pós-vida e revê suas escolhas em um momento religioso sendo confrontado por figuras espirituais interpretadas por diversos colaboradores frequentes do cineasta como Bill Murray e F. Murray Abraham. Já no plano material, outros colaboradores como Tom Hanks, Scarlett Johansson, Bryan Cranston e Benedict Cumberbatch dão as caras enquanto as tentativas de sabotagem do esquema acontecem e Zsa-Zsa luta para concluir seus negócios acompanhado de sua filha e o tutor.

Ainda que a trama tenha elementos de espionagem, ela se mantém simples, talvez até um pouco demais já que ao longo da película o esquema em si se torna secundário e o foco mesmo está na tentativa de reaproximação de Zsa-Zsa com sua filha, enquanto ela também se questiona sobre sua vocação religiosa e sua busca por justiça acerca de sua mãe.

Explorar relacionamentos é uma característica do diretor, mas aqui não há tanta profundidade, já que apenas Zsa-Zsa e Liesl são aprofundados enquanto os demais personagens são apresentados sem muitos detalhes sobre suas relações com o investidor. Há apenas uma leve exceção ao de Benedict Cumberbatch, que também pertence à família e tem segredos a serem revelados. A trama então pode acabar soando rasa a alguns fãs do cineasta, mas, ainda assim, entretem e diverte mesmo que em alguns momentos o ritmo se perca ainda que seja rapidamente recuperado, sendo até uma boa introdução à filmografia do cineasta.

Confira o trailer: