Foto: Yuri Murakami

Em sua estreia pelo Brasil, Zaho de Sagazan agraciou os fãs em sua apresentação única de na noite de ontem, no Cine Joia, em São Paulo. O show é realizado através do selo ÍNDIGO, produzido pela 30e, e conta com a colaboração do aplicativo de músicas Deezer. Natural de Saint-Nazaire, na França, Sagazan destacou-se facilmente após realizar uma releitura de “Modern Love”, do David Bowie; em que compôs a trilha sonora do remake de Vale Tudo, da TV Globo.

Houve o show de abertura da dupla Molli, de hip-hop e música eletrônica, composta por dois integrantes da banda de apoio de Sagazan. O público era pequeno, mas aparentavam estar empolgados, em que todos permaneciam acumulados próximos ao palco.

Ambos que iniciaram seu projeto musical em setembro deste ano, agradecem pela presença do público e explicam que é a primeira vez deles no país também. O repertório dialoga com um rap contemporâneo, de tom dramático. E apesar do público brasileiro ser mais maduro ao que eles estão acostumados na França, eles foram bem recebidos.

Pontualmente, Zaho chega ao palco trajada de preto com uma camisa meio túnica esvoaçante branca, mandando beijos delicadamente por cada canto do palco, enquanto começa a performance de “Aspiration”. Ela simboliza o cigarro em sua boca, enquanto canta sobre a beleza e o vício em fumar.

Em seguida, ela apresenta cada integrante da banda, cumprimenta o público e anuncia ser o seu primeiro show em São Paulo e, por isso, está muito feliz. Ela ainda questiona se os fãs preferem que ela se comunique em inglês ou francês, em que a segunda opção “venceu”, devido a forma como todos reagiram.

Foto: Yuri Murakami

Na sequência de “Mon Inconnu”, “Les Dormantes” e “Langage” é anunciado pela cantora que a primeira música é uma canção aos apaixonados. E neste momento vemos a particularidade do gênero dito como “chanson française”, em que é justamente não ficar “dentro de uma caixinha”. Ora parece Pop, ora algo mais eletrônico. Porém, ao mesmo tempo, transmite uma sensação onírica.

O público se impressiona ao ver Zaho tocando teclado, introduzindo “Dis-moi que tu m’aimes”. Ela inicia dedilhando o instrumento como uma criança, com um feixe de luz direcionado diretamente a ela, iluminando-a em meio ao breu do ambiente. Ao tocar alguns acordes tímida e lentamente, os fãs que estavam emocionados com tamanha presença de palco da francesa, resolveram tornar o momento mais especial. Logo, foram erguidos inúmeros cartazes ilustrados com o rosto da cantora no centro, escrito: “O Brasil te ama”, em português. 

E mais uma vez, a quebra emocional dentro do setlist retornou, em que “Tristesse” demonstra todo o drama e o teatral, em que Sagazan ajoelha-se no palco, canta de um lado ao outro, demonstrando frustração, personificando o que canta, enquanto é iluminada por tons avermelhados e efeito strobo.

Foto: Yuri Murakami

Fica evidente como toda a banda de apoio ama o que produzem, pois é contagiante a forma como dançam juntos e entram em harmonia com o público que se entrega, pulando no ritmo de “Ô travers”. Zaho dança, entrando em sintonia e se entrega com movimentos fluídos no meio do palco.

Em um breve momento entre canções, Zaho comenta que a setlist que preparou exclusivamente ao Brasil é “basicamente, dançar e chorar, dançar e chorar”. E aproveitando o gancho, ela comenta que a próxima canção é destinada às pessoas sentimentais, assim como ela, dando início a “Les Symphonie des Éclairs”.

Durante a performance, ela desce do palco e entra no pit, abraçando todos os fãs próximos à grade, em que a canção entrou em um looping dentro do próprio refrão, eternizando o momento que lutava para não chegar ao fim.

Old Friend” entra no repertório, revelando uma colaboração de Zaho de Sagazan com o cantor inglês Tom Odell. Um telefone aparece no palco, simulando uma ligação telefônica em que ela “atende” ao começar a letra da canção, um dueto que ocorre tanto em francês como em inglês.

A partir de “Ne te regarde pas”, todas as pessoas notaram que o show se transformou novamente em algo que ninguém esperava. O que permeava entre nuances do pop e dramático, tornou-se em uma sequência de canções eletrônicas. Zaho entrou em uma narrativa extremamente única, beirando o improviso.

Neste meio tempo “Hab Sex” e “Dansez” introduziu o público a uma experiência de casa noturna, em que todos dançavam, pulavam e gritavam junto à cantora e sua banda de apoio, que passaram a criar uma performance no palco. Foi indescritível saber discernir quem era quem em cima do palco, pois foi o momento de junção, em que todos da banda entraram em fusão com os instrumentos, uma sintonia jamais vista. De longe, foi uma das apresentações independentes mais memoráveis e vivas.

Foto: Yuri Murakami

E como era de se esperar, “Modern Love”, de David Bowie; encerrou o setlist, sendo uma das canções responsáveis pelo reconhecimento da cantora francesa no Brasil. Um cover que traz uma releitura única, com a essência de Zaho, que emana em cada canto do palco. A canção possui um sabor de encerramento, que mesmo deixando a sensação de tristeza por acabar, ficamos felizes pela experiência obtida, conectando-se novamente à proposta dita pela cantora em meados de sua apresentação.

Assim como tivemos um vislumbre em “Les Symphonie des Éclairs”, ao concluir o show, houve um seguimento de “Work It”, da Marie Davidson; e “Voyage Voyage”, clássico dos anos 80, do Desireless; em que o grupo inteiro desceu do palco, invadindo o público e dançando com todos presentes como forma de festejar o desfecho da turnê na Europa e o que havia proporcionado ao público brasileiro.

Setlist:

Aspiration
Mon inconnu
Les dormantes
Langage
Dis‐moi que tu m’aimes
Tristesse
Ô travers
La symphonie des éclairs
Old Friend
Ne te regarde pas
Hab Sex
Dansez
Modern Love (David Bowie cover)

Work It (Marie Davidson cover – Soulwax Remix)
Voyage, voyage