Em sua terceira edição, o Overload Music Fest já se consolida como um dos eventos mais interessantes e aguardados do calendário de shows da capital paulista e do Brasil. Com nomes diversificados dentro do heavy metal, post-rock e estilos próximos e em formato indoor, o festival trocou de casa esse ano para receber quatro atrações.

No novo local, o Carioca Club em São Paulo, o evento contou além das bandas com meet and greet com artistas, uma exposição da fotógrafa Alessandra Tolc incluindo material de edições passadas do evento, sessão de autógrafos com o escritor Luiz Mareto e um disputado merchandising onde os fãs puderam adquirir materiais nem sempre encontrados por aqui.

Curiosamente o local é um pouco menor que o Via Marquês, onde aconteceram as duas edições anteriores do festival, mas dessa vez teve quase o dobro do público da última edição. Mesmo assim era possível circular entre os ambientes ainda que com um pouco aperto sendo um problema as filas formadas para a compra das comandas, algo que é um agravante do Carioca Club pois é algo que acontece em qualquer show no local que conte com a capacidade quase total da casa.

Em relação à música e aos eventos, nota máxima para a pontualidade dos artistas no palco. A logística montada permitiu que nenhuma das atrações atrasasse nem fosse prejudicada, apesar do volume do vocal de Neige estar um pouquinho baixo assim que o Alcest começou, mas isso foi corrigido rapidamente.

Vincent Cavanagh

Primeiro a subir no palco, Vincent Cavanagh trouxe consigo um violão e com ele fez uma performance acústica de clássicos de sua banda que chegou a ser chamada por alguns em tom de brincadeira (ou não) de “melhor setlist do Anathema no Brasil” talvez por conter canções como “Angelica” e “Eternity Part I”, que o público brasileiro não teve a oportunidade de ouvir desde a lendária passagem do grupo pelo país na década de 90.

De bom humor, Vincent elogiou o país e disse que ia tirar uns dias de folga por aqui já que teria essa oportunidade, não se abalou quando não conseguiu gravar corretamente o loop da batida no violão de primeira e apesar do curto tempo empolgou o público que já se encontrava em grande quantidade no local mostrando que as canções do Anathema funcionam muito bem mesmo nesse formato simplificado.

Setlist: Fragile Dreams / Deep / Untouchable Part I / Thin Air / Angelica / Eternity Part I / Distant Satellites

Labirinto

Labirinto

Pela segunda vez no evento, os brasileiros do Labirinto provaram (mais uma vez) ser uma das melhores bandas brasileiras da atualidade. Ainda que sua sonoridade “post-rock – instrumental – doom – post-metal – shoegaze – experimental“, ou como o fã quiser classificar, possa soar extrema aos ouvidos pouco acostumados, a avalanche sonora que o grupo produz em cima do palco é poderosa como poucas atualmente.

Com pouco tempo por ser um festival, o Labirinto escolheu sete faixas de seu recente disco “Gehenna”, lançado dias antes do evento, para o setlist. Auxiliados por projeções no telão, o show se torna uma experiência audiovisual que impede alguém de sair indiferente ao final dela. Parte do público acabou não acompanhando o show por estar na longa fila do bar que se formou na área externa do Carioca nesse momento, porém os que assistiram, ovacionaram o grupo.

Setlist: Mal Sacré / Aung Suu / Enoch / Qumram / Avernus / Aludra / Alamūt

Alcest

Alcest

Outra banda que retornou ao festival, o Alcest era uma das atrações mais aguardadas da noite, sendo até a mais aguardada para alguns. Em uma passagem única na América do Sul, a banda francesa apresentou na íntegra o disco “Écailles de Lune” além de uma seleção de outras canções de sua discografia. Não houve nenhuma execução de algum material referente ao novo disco “Kodama” mas isso não afetou em nada a catarse ali ocorrida.

Essa talvez seja a característica dominante na sonoridade do Alcest principalmente em seu show: a capacidade de induzir o ouvinte a uma purificação ou expurgo de suas emoções levando-o à esse estado onde os presentes foram levados às lágrimas ou sorrisos através das melodias, tanto belas como brutais, compostas por Neige e apresentadas ali, dessa vez sem os pequenos problemas que tiraram o brilho do show de 2014.

A banda também demonstrou estar mais “acostumada” à reação da plateia sul-americana. Na primeira vez havia toda a surpresa pelo já conhecido calor brasileiro, algo bem oposto à conhecida “frieza” francesa. Dessa vez, o dobro de público se mostrou mais empolgado ainda chegando a arrancar um discreto sorriso de Neige durante a apresentação. Para parte dos presentes, o melhor show da noite que acabou elevando tanto o nível a ponto de ofuscar a atração seguinte.

Setlist: Écailles de lune – Part 1 / Écailles de lune – Part 2 / Percées de lumière / Abysses / Solar Song / Sur l’océan couleur de fer / Autre temps / Les Iris / Souvenirs d’un autre monde / Là où naissent les couleurs nouvelles / Délivrance

Katatonia

Katatonia

E cinco anos após sua primeira passagem pelo Brasil, o Katatonia retornou ao país dessa vez para um show bem mais confortável. Como os headliners do festival e, dessa vez em uma casa maior, a banda pontualmente iniciou seu show às 21 horas como anunciado com a turnê de divulgação de seu recente trabalho “The Fall of Hearts”.

O Katatonia era uma das bandas mais esperadas dos últimos anos pelo público nacional, principalmente pela repercussão da apresentação em 2011 em São Paulo. Mesmo com um novo disco a ser apresentado, mais da metade do setlist foi composto pelo material de três discos: “Night Is The New Day”, “The Great Cold Distance” e “Dead End Kings” porém distribuídas e alternadas com outras canções de forma extremamente equilibrada e coesa que jamais chegou a desanimar a audiência que ocupava o local já mais de quatro horas em um domingo.

Bem mais a vontade que em sua última vinda, o vocalista Jonas Renkse pode não apresentar alguns vocais de outrora que alguns sentem saudade, mas sua performance e interpretação de suas letras cativa, levando boa parte das pessoas a cantar diversas passagens das músicas cujas letras são bem emocionais e de grande significado pessoal para diversas delas.

Em mais de vinte músicas (23 ao todo), a banda sueca atendeu todas as expectativas criadas nos últimos cinco anos entre os fãs com uma performance digna de um headliner. Sendo essa a única apresentação no Brasil, muitos fãs não puderam acompanhar o show e espera-se que, em uma nova oportunidade, o Katatonia possa visitar outras localidades do país emocionando os fãs da mesma forma que fizeram com os presentes no Overload Music Fest.

Setlist: Last Song Before the Fade / Deliberation / Serein / Dead Letters / Liberation / Day and Then the Shade / Teargas / Criminals / The Longest Year / Soil’s Song / The Racing Heart / Nephilim / Onward Into Battle / Evidence / Old Heart Falls / Leaders / Hypnone / Buildings / In The White / Forsaker / My Twin / Lethean / July

Mesmo com alguns problemas pontuais como as filas e o calor excessivo no local, o saldo da terceira edição do Overload Music Fest é positivo. A escolha das atrações se mostrou extremamente acertada com a pontualidade digna de nota, considerando-se a logística de fazer todos se apresentar no palco do Carioca Club sem atrasos, algo que pesa muito por ser um domingo onde a grande maioria trabalharia na manhã seguinte.

Um público maior compareceu e houve mais disponibilidade de alimentação. Ainda que alguns julguem até um exagero ou até frescura essa preocupação, há de se pensar que “quanto mais bandas, mais tempo de evento” e consequentemente maior a necessidade das pessoas. Um show ou festival não é apenas música, é toda a experiência agregada. E quando essa experiência é positiva com todas as necessidades atendidas, o fã não hesita em estar presente mesmo que lhe custe mais. Experiência essa que inclui não somente a alimentação, como o desgaste da chegada e partida ao evento, horários, deslocamentos, entre outros.

Ao ouvir os fãs sobre a alimentação, uma reclamação das edições anteriores que influenciou até na mudança de local, além de incluir mais opções para todos os gostos, a produção acertou em cheio, assim como o fez ao organizar o evento para acabar em tempo de permitir o acesso ao transporte público. Mesmo que uma parcela das pessoas, principalmente fãs de outras cidades e estados, possa ter desistido pelo domingo, a grande maioria acabou saindo beneficiada e infelizmente não há como agradar 100% nesse caso.

Para a próxima edição do festival a curiosidade dos fãs já está atiçada, que aliás contam com um grupo bem fiel ao evento estando sempre em conversas entre si e divulgando no boca-a-boca as novidades. Todos eles, com certeza, aguardam ansiosamente a edição 2017 e as surpresas que ela reserva.

Confira a galeria de fotos completa do festival

Vincent Cavanagh

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Labirinto

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Alcest

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Katatonia

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