Epic Metal Fest – Audio Club – São Paulo/SP

Sobre o evento:

Com curadoria da banda holandesa Epica, o festival Epic Metal Fest desembarcou no Brasil para sua primeira edição nacional após duas edições em seu país de origem, a Holanda. Com a proposta de ser um evento indoor e reunir bandas de diversas vertentes do heavy metal, o local escolhido foi a Audio Club em São Paulo. Claro que a escolha do Brasil para receber a primeira edição internacional não foi à toa já que o Epica conta com uma base de fãs extremamente fiel por esses lados além estarem lançando seu novo disco “The Holographic Principle”.

As sete bandas se dividiram em dois palcos cujo acesso entre eles contava com um deck aberto onde os fãs puderam participar de meet and greet com os artistas, ainda que durante o do Xandria uma pequena confusão tenha rolado já que ele seria originalmente de graça porém de última hora, ficou atrelado à compra de merchandising oficial. É bem legal um evento indoor contar com uma área aberta para um eventual descanso ou bate papo entre conhecidos e esse local funcionou muito bem nesse ponto.

Ali mesmo, na lateral, havia uma outra área com dois food trucks de preços justos para alimentação extra além da disponibilizada pela casa, que não era das mais baratas mas dentro do que é praticado pelos locais de eventos que normalmente são quem definem os preços internos de consumo. Porém, uma opção extra de alimentação tem se mostrado uma ideia extremamente acertada permitindo assim que os fãs possam ter mais variedade, mesmo que talvez tenham que sacrificar um pouco do tempo de show de algum artista para poder comprar algo.

Palco Secundário:

Project 46, Tuatha de Dannan e The Ocean foram as bandas que subiram ao pequeno palco dois, durante os intervalos das apresentações no principal. Três excelentes apresentações sendo a do The Ocean uma das mais elogiadas da noite, e contando com talvez, um dos melhores momentos do festival quando o vocalista Loïc Rossetti subiu, de forma inimaginável, nas caixas de som e então em um stage diving sensacional e ele já havia se jogado para o público na frente da grade antes. A energia do grupo no palco empolgou muitos que não conheciam o som dos alemães e passaram já a pedir um retorno deles assim que possível.

O Project 46 foi o responsável por abrir os shows no local já sendo aguardado por fãs enquanto ainda rolava a apresentação do Xandria no palco principal. Já conhecidos do público brasileiro pela sua constante presença em diversos eventos, a banda fez um show energético e impecável mesmo que certos discursos acabem soando batidos para alguns dos fãs presentes.

A outra atração brasileira da noite, o Tuatha De Dannan encerrou as atividades do palco sendo muito elogiada pelos presentes ao ponto de dividir opiniões sobre a melhor apresentação do dia ali. O grupo liderado por Bruno Maia é velho conhecido dos fãs brasileiros que tem um carinho pela banda. Seu folk metal agrada e não deixa a dever a grupo internacional algum. Muitos dos presentes acabam não podendo prestigiar o show já que tiveram de sacrificar algum tempo para poder comer ou participar dos meet and greet, pois durante os food trucks estavam bem disputados.

Palco Principal:

As honras de abertura do Epic Metal Fest ficaram por conta do Xandria e engana-se quem acha que, por serem a primeira, o grupo alemão não contaria com muitos fãs presentes. Mesmo que, obviamente sem contar com a lotação total, Diane van Giersbergen e companhia viram diante de si uma plateia fiel que madrugou na fila para vê-los, e provavelmente guardar a grade até o Epica já que ambas as bandas tem estilos próximos.

Em sua uma hora de apresentação que começou pontualmente, o Xandria talvez só não atendeu mais as expectativas dos fãs por não ter mais tempo de palco, mas o carisma de Diane é o destaque e encantou até aqueles que não a conheciam. E talvez pelo anúncio do Xandria no line-up muitos fãs acharam que o festival seria algo que contaria somente com bandas de vocal feminino, mas essa nunca foi a proposta mesmo nas edições originais que chegou a contar até com o Sepultura na Holanda.

O Finntroll acabou sofrendo alguns problemas técnicos que atrasaram o início de seu show em aproximadamente dez minutos e teve alguns reflexos durante o período da banda no palco, não que isso tenha prejudicado totalmente o show mas acabou tirando um pouco do brilho do show já que em alguns momentos os instrumentos soavam estranhos ou o vocal era encoberto.

Com um visual a caráter com pinturas e orelhas pontudas, os músicos apesar das dificuldades técnicas empolgaram bem os presentes, o que chega a ser até cliché já que dificilmente alguma banda de folk metal não faz um show animado que empolgue pelo menos a grande maioria do público

Retornando pouco mais de um ano após sua última vinda, o Paradise Lost tem sido uma figura frequente nos últimos anos no país e isso não é ruim como podem dizer as más línguas com o velho, e sinceramente ridículo, papo de “já virou arroz de festa”.  Esse retorno permitiu ao grupo visitar outras cidades que não puderam encaixar em sua vinda no ano passado permitindo que fãs fora do eixo Rio-São Paulo pudessem prestigiá-los, o que sempre é bom.

São poucas as bandas que tentam abranger realmente toda a sua discografia em um setlist e os britânicos tem uma considerável, que vai desde o doom ao synthpop e que funcionam, muito bem ao vivo. Diferentes canções como “Erased” e “Beneath Broken Earth” não causam estranhamento no mesmo set, talvez um ou outro fã apenas tenha uma preferência por uma fase distinta e acabe torcendo um pouco o nariz.

Curiosamente, após o termino do Paradise Lost houve quem corresse dali para o Allianz Parque onde o Aerosmith se apresentaria logo depois, não muitos, mas mostrando que parte do público deu um jeitinho de prestigiar ambos os eventos.

Por fim, os anfritriões da noite subiram ao palco para o show de lançamento de seu novo disco. Por isso o Epica concentrou boa parte do setlist em canções do recente “The Holographic Principle”, deixando de lado alguns esperados clássicos do grupo.

Irretocáveis, a banda mostra que não se apoia somente na beleza e voz de Simone Simmons com todos os músicos tendo seu momento de destaque esbanjando carisma, com a vocalista se retirando brevemente para uma plataforma ao fundo do palco. O grupo pode livremente passear entre canções como a nova “Universal Death Squad” e antigas como “Consign To Oblivion” com total segurança sem deixar cair o nível da apresentação.

Mesmo que esse tenha sido segundo show de lançamento do novo álbum na verdade (sendo o primeiro algumas semanas atrás na edição holandesa do Epic Metal Fest), o setlist apresentou diferenças em relação ao set de lá, algo digno de aplausos mostrando que o grupo pode tocar praticamente qualquer música do novo material ao vivo, o que não é muito comumente visto onde as bandas escolhem apenas algumas canções e as executam em todos os shows ignorando as outras de seus novos materiais.

De alguma forma, seja pela temática das letras ou por um conjunto de fatores, é curioso notar como mesmo sendo uma banda digamos “sinfônica”, o Epica consegue reunir para si um público muito mais variado do que as outras bandas do estilo, além de ser uma inspiração para os fãs como podia ver visto na quase-devoção de muitos ali presentes, boa parte que foi até lá somente para vê-los.

 

A proposta do Epica em reunir em seu festival bandas de diferentes vertentes dentro do heavy metal mostra-se acertada e totalmente condizente com a própria banda em si, afinal, tire as orquestrações e os holandeses não estão nada distantes de um grupo de death metal. Numa época onde a diversidade está cada vez, e deve ser, mais respeitada, um festival assim em um nicho normalmente conservador é admirável por mostrar que sim, todas as vertentes do heavy metal que todos amam podem ter seu espaço num mesmo local.

Em sua primeira edição no país, o Epic Metal Fest teve mais acertos que erros, os quais sempre podem ser melhorados e aprimorados para edições futuras, o que deixou um saldo positivo.

Galeria de Fotos: Epic Metal Fest 2016

Xandria

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Project46

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Finntroll

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The Ocean

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Paradise Lost

Epica