Luiza Lian o clipe de “Mil Mulheres”, nova parceria com a produtora Filmes da Diaba e faixa de seu álbum “Azul Moderno”. Com movimentos de câmera mecânicos e efeitos de iluminação, o filme retrata uma relação afetiva que oscila entre os sentimentos de amor e de distância, onde os protagonistas fundem seus corpos e se separam na geografia de uma cama. Por isso, o vídeo acabou sendo censurado de diversas plataformas e está disponível no Vimeo. Sobre isso, Luiza comenta:

Nos programamos hoje pra lançar o clipe de Mil Mulheres e fomos bloqueados em três plataformas diferentes, Instagram, Youtube e Facebook. Que a censura dos corpos nas redes é uma realidade, a gente já sabe faz tempo, nenhuma novidade. Mas restringimos a idade, protegemos o conteúdo, borramos as imagens e ainda assim foi surpreendente a agilidade com que se prontificaram em tirar esses vídeos do ar, os alertas gritam mais alto quando o assunto é nudez. 

A música é sobre isso, sexo, o clipe também, bem simples e feijão com arroz, sem  querer nem conseguir ficar emperequetando as ideias com imagens, essa foi a nossa decisão enquanto artistas, ser mais literais. Falar dos corpos, da pele, do que transcende nos encontros, bem crus e bem reais.

Tínhamos esperança que com a restrição de idade o clipe ficasse lá, já que o filme que nos inspirou a fazê-lo, muito mais radical e explícito, está na íntegra no canal. Love, do Gaspar Noé.

A sensação que fica é que corremos sempre atrás do rabo no que diz respeito a nossa expressão, um passo pra frente e 10 pra trás. Esculturas e pinturas de homens nus são espalhadas pelas cidades do mundo desde a Grécia antiga, vem algum eleitoreiro reclamar de uma performance no MAM.  As pessoas dão um jeito de moralizar o sexo de toda forma que for possível, com os maiores malabarismos de discurso, a direita e a esquerda, o desejo é um tabu.  é mais tabu pra “políticas de comunidade” do que os milhares de vídeos de pessoas morrendo, levando tiro, da violência diária física, fotografada e verbal sofrida por mulheres, vídeos misóginos, vídeos racistas, tudo passa pelo algoritmo e precisa de muito mais pra ser derrubado.  Discursos de ódio que destroem completamente a vida de pessoas, notícias falsas, nunca são derrubadas, mas é o corpo nu… o corpo nu que é perigoso. O corpo nu precisa de uma hora pra ser repreendido.  O desejo que é o que mais mata.”

*Assista “Mil Mulheres”:

Luiza Lian – Mil Mulheres from Lui Lian on Vimeo.