“It’s never too late” – com essas palavras, James Hetfield resumiu o sentimento geral dos fãs de Curitiba sobre a primeira apresentação do grupo na cidade. Apesar dos 41 anos de carreira e diversas passagens pelo país desde 1989, o Metallica jamais havia pisado na capital paranaense para se apresentar. Assim não surpreende que mais de 40 mil fãs da cidade e região lotaram o Estádio Couto Pereira na noite de sábado para esperar conferir a épica apresentação que já havia sido adiada duas vezes devido à pandemia de Covid-19.

Com pouco mais 10 minutos de atraso ao horário programado o som do estádio começou a tocar “The Ecstasy of Gold” de Ennio Morricone, canção que marca a abertura dos shows do Metallica há décadas e a partir dai o que se viu foi uma sequência de 16 músicas executada de uma forma avassaladora  surpreendente para uma banda com quatro décadas de estrada.

De “Whiplash” a “Enter Sandman” o Metallica revisitou quase todas as suas fases com destaques para momentos como a, já não tão nova mais, “Moth Into Flame” e suas chamas que iluminaram o estádio e espantaram o frio momentaneamente e clássicos que, por mais que sejam executados toda vez, ainda assim surpreendem algum fã mais novo do grupo como “Master of Puppets” ou “Creeping Death”.

 

 
 
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Uma publicação compartilhada por Metallica (@metallica)

A produção do grupo também merece destaque. O palco composto por gigantescos telões cercados pelas letras M e A permite que os fãs em qualquer local do estádio possam ver os músicos ou as fantásticas animações que acompanham as canções junto de pirotecnia ou lasers, como em “One”. Ainda que essa parte técnica da apresentação seja impecável, é nas canções que residem a força e o motivo da relevância do Metallica até hoje.

Em “Fade To Black”, James Hetfield faz uma pequena pausa e dedica a canção “a todos que sofrem por dentro. E que se você sofre, você não está sozinho, não tenha medo de falar, fale para os amigos, para as pessoas, para mim agora mesmo” em um claro recado sobre a saúde mental e depressão, tema da canção. E é nesses tópicos pessoais, nessa e tantas outras faixas do grupo, que gerações encontram sua identificação ao longo de 40 anos.

Mesmo que para alguns, o Metallica ‘não mude muito o setlist’, a banda consegue equilibrar bem as canções sempre pedidas com alguma surpresa nas turnês. Fato é que são uma das poucas bandas antigas que conseguiram renovar bem sua audiência, atraindo muitos jovens aos shwos shows, para os quais uma canção dessas é extremamente esperada ainda boa parte do público seja composto de uma grande parcela que já passou dos 35 anos e já possa ter visto anteriormente até em outra cidade.

Em alguns casos, pais e filhos assistiram juntos pela primeira vez a banda ali ou mais surpreendente, novas gerações de fãs literalmente nasciam ali como o caso da tatuadora Joice Figueiró que entrou em trabalho de parto durante a apresentação e deu à luz ao pequeno Luan ao som dos acordes de “Enter Sandman”:

Talvez quando Luan estiver com idade de ir em shows, o Metallica já tenha diminuido o ritmo de suas apresentações, afinal serão bem mais que quatro décadas de estrada, mas até lá ainda há muito chão para a banda percorrer, continuar surpreendendo e conquistar as novas gerações, continuando sendo sem dúvida alguma, a maior banda de heavy metal, um título que dificilmente alguém irá retirar deles no futuro próximo a julgar pela qualidade desse show que, com certeza, ficará marcado na memória de todos os presentes.

Greta Van Fleet e Ego Kill Talent

Antes do Metallica subir ao palco, coube ao Ego Kill Talent abrir a noite e ‘aquecer o palco’ para a banda como disse o vocalista Jonathan Dörr durante o show. Formado por ex-membros do Sepultura, Udora e Reação em Cadeia, o grupo também se destaca por ser convidada das turnês de grandes nomes do país.

Apesar do pouco tempo, o EKT apresentou um set coeso para que os presentes que ainda desconhecem a banda pudessem se familiarizar com sua sonoridade, moderna e que vem chamando a atenção no cenário internacional já redendo shows ao grupo em festivais como o Download Festival na Europa e o Aftershock, na Califórnia. Jonathan, comunicativo, agradeceu a equipe do Metallica pela oportunidade e os presentes que iam chegando ao estádio enquanto o grupo se apresentava.

De sonoridade, digamos oposta à moderna, o Greta Van Fleet fez a segunda apresentação do evento. O grupo se destacou ao surgir com o single “Highway Tune” e as incontáveis e inevitáveis comparações entre eles e o Led Zeppelin tanto pelos trejeitos como a voz John Kiszka que inegavelmente lembra a de Robert Plant. Fato que fica mais claro ainda ao ver a banda no palco.

Agora, já em seu segundo disco, a sonoridade da banda que é calcada nos anos 70 começa a ganhar um pouco mais de personalidade ainda que lembre muito também o Rush em seu primeiro álbum. Com um pequeno set de sete músicas, o GVF pode mostrar que começa a caminhar para a maturidade e personalidade própria e pode vir a se tornar um dos grandes nomes do rock nos próximos anos.

Setlist Ego Kill Talent

  1. Now!
  2. Sublimated
  3. We All
  4. The Call
  5. Heroes, Kings And Gods
  6. Life Porn
  7. Last Ride

Setlist Greta Van Fleet

  1. Built By Nations
  2. Black Smoke Rising
  3. Caravel
  4. My Way, Soon
  5. Lover, Leaver (Taker, Believer)
  6. The Weight of Dreams
  7. Highway Tune