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Após anos de problemas, adiamentos, trocas de diretores e roteiristas junto de todas as polêmicas que envolveram seu ator principal, o longa The Flash chegou aos cinemas cercado de expectativas sobre qual seria o resultado desse redemoinho de obstáculos que a produção enfrentou ao longo do seu desenvolvimento.

No filme, que chega aos cinemas, Barry Allen (Ezra Miller) segue se dividindo entre seu trabalho cujo foco é provar a inocência de seu pai, acusado de matar sua mãe, e suas obrigações como membro da Liga da Justiça. Em dado momento de crise e cobrança, Barry descobre ser capaz de correr a tal velocidade que permite viajar no tempo e tem a ideia de voltar e alterar o dia no qual sua mãe morre para salvá-la. Ainda que alertado por Bruce Wayne (Ben Affleck) sobre as possíveis consequências disso, ele o faz. A trama toma como base a aclamada história de 2011 ‘Flashpoint’ no qual Barry faz o mesmo. Mas aqui as consequências são diferentes do quadrinho.

Apesar de toda a polêmica das acusações de roubo, agressões e ameaças ao longo dos últimos anos, o trabalho de Ezra no filme é digno de elogios. Ele se desdobra entre duas versões de Barry que, uma por ter sido criada pela mãe e a outra sem, são completamente diferentes em suas responsabilidades, objetivos e personalidades diante das consequências da alteração temporal. No novo mundo que ele encontra, não há meta humanos (Mulher-Maravilha, Ciborgue e Aquaman) e Kal-El não chegou à Terra para se tornar o Superman. Em seu lugar, chegou sua prima Kara Zor-El (Sasha Calle), mas esta se encontra presa no Ártico. Nesse momento, o General Zod (Michael Shannon), acaba de chegar à Terra procurando o herdeiro de Krypton e não há quem possa impedí-lo.

Para lidar com essa ameaça, Barry encontra a única pessoa com quem poderia contar: Bruce Wayne, agora interpretado por um ótimo Michael Keaton que retorna ao papel do vigilante de Gotham, aqui, aposentado após a cidade se tornar um dos locais mais seguros do mundo e vivendo em isolamento em sua mansão ressentido por achar que sua luta contra o crime traria seus pais de volta. Juntos eles vão ao resgate de Kara pois ela é a única ajuda que terão para impedir o ataque do General Zod ao planeta.

Nessa jornada, aos poucos, ambos os Barry vão apredendo as consequências de suas ações que, ainda cheias de boas intenções, vão provocando cada vez mais o caos ao multiverso. O roteiro trabalha bem o arco de ambas as versões do personagem, uma mais velha, quase que quebrada pela dor até que entende que há coisas que deve deixar ir e a outra nova, boba e deslumbrada pelos seus poderes e ansiosa para salvar o mundo, enquanto tentam reparar os danos causados. Keaton rouba as cenas em que aparece, com uma interpretação que imprime uma emoção ao homem morcego que se reencontra após anos afastado e também se torna um tipo de figura paternal para Barry, assim como sua contra-parte interpretada por Ben Affleck. Já Sasha Calle acaba tendo um pouco menos de tempo e desenvolvimento como a Supergirl, e ainda assim entrega uma excelente performance.

Claro que nem tudo é perfeito no longa e, o quanto o espectador for capaz de abstrair a qualidade questionável do CGI em diversas cenas, irá influenciar no quanto ele irá apreciar o filme. Em alguns momentos, inclusive um ao final onde há um belo vislumbre cheio de surpresas de todo o multiverso, a renderização parece saída de um vídeogame do início do século como se o orçamento tivesse acabado ou tivessem corrido para entregar o material. Isso faz até com que o terceiro ato do filme acabe sendo inferior aos dois primeiros. Não chega a comprometer totalmente mas, pode acabar distraindo parte da experiência da audiência. Outro ponto que distrai são algumas piadas em certos momentos tensos. Sim, o humor é uma válvula de escape para Barry diante de toda a situação só que, a forma como algumas surgem soa um pouco deslocada.

Sendo o longa que encerra o ‘Snyderverse’ enquanto abre as portas para o novo Universo DC de James Gunn, The Flash acaba sendo uma das melhores películas desse universo. Um gol aos 45 minutos que garante um empate no saldo final de altos e baixos que todos os filmes tiveram e um passeio divertido, com muitos easter eggs para os fãs, espalhados ao longo das mais de 2h30 de duração do filme. E sim, há uma cena pós-créditos interessante para essa passagem entre os universos.

The Flash estreia em 15 de junho nos cinemas brasileiros. Confira o trailer: