Foto: Divulgação/O2 Play

Em 2008, um grupo de pichadores invadiu a 28ª Bienal de São Paulo e pichou o segundo andar da exposição, que naquele ano, encontrava-se vazio. Tal ato levantou debates sobre a cultura do pixo e o que é ou não arte a tal ponto que o grupo foi convidado a participar da edição seguinte, em 2010. E inspirado nesse acontecimento que Urubus, dirigido por Claudio Borrelli e com produção executiva de Fernando Meirelles, chega aos cinemas.

Nele temos a história de Trinchas (Gustavo Garcez), um jovem da periferia que junto a grupo de pichadores, escala os edifícios da cidade para deixar sua marca. Seu caminho se cruza com a estudante de arte Valéria (Bella Camero, de Marighella) em pesquisa para seu trabalho de graduação. O choque de cultura leva um ao mundo do outro e resulta na invasão da Bienal e suas consequências.

A direção do filme e sua fotografia carregam um tom mais documental com imagens mais escuras, até porque maioria das ações deles acontecem durante a noite e pelas sombras dela enquanto o grupo escala e se esgueira por escadas e caminhos tortuosos para alcançar seus objetivos e nos levando como um acompanhante das ações do grupo no início e nos imergindo nessa cena também através dos olhos de Valéria, que registra muitos dos momentos do grupo com sua câmera de mão.

Outro ponto que ajuda na imersão é o grupo de atores, que com exceção de Bella Camero, são pessoas que vem desse universo e trazem a experiência, o conhecimento e as gírias desse mundo com muito mais naturalidade que outros poderiam trazer devido à sua vivência. Pelos caminhos da noite, o grupo de Trinchas cruza com a polícia, seguranças, grupos rivais em cenas diversas de conflitos também pessoais e celebrações de suas ações. Apesar disso, o longa não se aprofunda muito em quem são os personagens e por vezes ficamos sem saber o que mais eles fazem além das pichações ou como são seus relacionamentos fora do grupo com familiares ou outros amigos.

Ao focar mais nas ações, o longa levanta o debate e força a reflexão sobre o que é arte, quais os seus limites, seu impacto. Esse é um tópico que sempre será debatido entre as pessoas e cuja resposta irá variar muito de acordo com o repertório e crenças de cada indivíduo. E é ai que reside o grande acerto do filme.

Urubus chega aos cinemas brasileiros em 01 de junho. Confira o trailer: