Filmes de origem muitas vezes são vistos com desconfianças por querer explicar demais algo que não tem necessidade ou ser apenas um caça níquel tentando expandir histórias que não precisariam serem exploradas. No caso de Wonka que chega nesta quinta aos cinemas brasileiros, o longa de Paul King explora o passado de um dos personagens mais icônicos do cinema e, para que não haja muitas dúvidas, mais ligado ao original de 1971 do que ao remake.

Interpretado por Timothée Chalamet, aqui vemos um Wonka ainda jovem enquanto busca se estabelecer como o maior criador de chocolates do mundo e levar a todos o que aprendeu a fazer com sua mãe. Sonhador, Willy encontra a concorrência, extremamente desleal, de três confeiteiros que controlam o comércio local em um cartel. Ainda que caricatos, os personagens são interpretados com maestria pelo trio Paterson Joseph, Matt Lucas e Matthew Baynton de forma que seus exageros não incomodam enquanto usam de todo seu poder explorando os vícios em chocolate do chef de polícia interpretado por Keegan-Michael Key e do Padre Julius, interpretado por Rowan Atinkson. Assim, o trio não hesita em suborná-los com seu vício para que eles ajudem a ocultar seus crimes e também impedir Willy de conquistar seu espaço no mercado.

Fantasioso e colorido, Wonka é inocente. Não há explicação lógica para muitos dos acontecimentos do filme dando ao filme um tom mágico típico de filmes natalinos onde o protagonista sonhador busca atingir seus objetivos superando algum problema junto de amigos que vão se formando no caminho como uma família com mensagens positivas e de esperança.

Com esse tom, o longa ganha sua identidade e não busca se adequar ao tom de filme adulto disfarçado de infantil do original estrelado por Gene Wilder e nem ao tom sombrio do remake de Tim Burton com Johnny Depp. Mesmo que o perigo sempre ronde o protagonista e seus aliados, a esperança de que eles irão superar os desafios sempre está presente ainda que muitas vezes Willy seja inocente ao extremo, tal qual uma criança sonhadora, e por isso não perceba a maldade dos outros e nem as que ele mesmo faz, como a que causou ao oompa-loompa Lofty, interpretado por Hugh Grant, primeiro um desafeto e então um aliado na fábrica de chocolates.

Essa inocência do personagem pode até destoar da ambiguidade de sua versão mais velha, que conhecemos no longa original, podendo causar estranheza em alguns espectadores mas isso deixa a margem para a imaginação do que pode ter acontecido entre esse momento e o isolamento ao qual ele se impõe. Em tempos de filmes superexplicados e análises em youtube explicando cada minúcia dos personagens e do final de cada filme e série, é libertador poder se deixar levar, e além de tudo, sonhar.

Wonka estreia nesta quinta, 07 de dezembro, nos cinemas brasileiros. Confira o trailer: