Foto: Divulgação/Universal Pictures

Existem histórias que mesmo sendo reais soam completamente absurdas. Uma delas é o caso de um urso que em 1985 que ingeriu aproximadamente 30kg em cocaína e obviamente, morreu de overdose. Todo o pó fora jogado meses antes por um traficante que, sobrevoando a região, achou estar sendo perseguido, tentou se livrar dos pacotes para então saltar de para-quedas do avião com quase 40kg de cocaína e, também morreu.

Na vida real, entre a ingestão da droga e a morte do animal, não há relatos de que o urso tenha atacado pessoas, mas é a partir dessa premissa que a diretora Elizabeth Banks desenvolve a narrativa de O Urso do Pó Branco. Em uma época de filmes que são continuações, expansões de franquias ou que se levam a sério demais, sua abordagem é extremamente o oposto, não se levar a sério e resolver a história em pouco mais de 90 minutos.

O longa já abre com dois avisos, um contando sobre ser inspirado no caso real e outro com itens da Wikipédia sobre como lidar em um encontro com ursos. Assim já mostra que não é para ser levado a sério e somos apresentados aos personagens cujos caminhos se encontrarão no parque florestal onde está o animal e toda a cocaína, já começando pelas duas primeiras vítimas, o casal Olaf e Elsa, interpretados respectivamente por um hilário Kristofer Hivju (o Tromund de Game of Thrones) e Hannah Hoekstra (atriz e modelo da personagem Aloy do jogo Horizon Zero Dawn).

A eles vão se somar Sari (Keri Russell), uma mãe que busca a filha Dee Dee (Brooklyn Prince) e o amigo Henry (Christian Convery) que fugiram da aula para o parque, a guarda florestal Liz (Margot Martindale) e o ativista animal Peter (Jesse Tyler Ferguson), uma gangue de adolescentes que ronda o local e claro, os traficantes que vão atrás de sua droga: Daveed (O’Shea Jackson Jr), Eddie (Alden Ehrenreich) com o chefão Syd (Ray Liotta – em seu último papel antes de falecer em 2022), grupo que é  seguido pelo policial Bob (Isiah Whitlock Jr.).

Com tantos personagens, o filme não chega a desenvolver todos além do necessário em suas interações e nem é a ideia ir tão a fundo em seus relacionamentos e personalidades, até porque vários vão servir apenas para serem as vítimas da vez dos ataques do animal em cenas que por vezes são sustos ou outras completamente absurdas como a cena da ambulância, já divulgada no trailer e que consegue, inclusive, juntar o horror e a comédia.

Mesmo sem tanta profundidade, todos os atores se entregam maravilhosamente aos personagens e a seus comportamentos, absurdos ou não, durante a busca pelas drogas ou a salvação dos ataques. O longa não tenta ser um filme que alerta para os perigos da cocaína ou sobre a importância da família e os amigos que fazemos pelo caminho quando estamos tentando sobreviver a um urso completamente chapado.

O  objetivo é divertir e nisso, O Urso do Pó Branco acerta em cheio por uma ideia que soa ridiculamente gostosa de imaginar, a de como seria um predador chapado e por trabalhar dentro dessa sua proposta surreal de forma descompromissada sem querer reinventar o cinema ou vilanizar o animal, ocorrendo até momentos em que nos encontramos torcendo por ele. Não é a toa que o filme acabou se tornando um dos mais aguardados do ano.

O Urso do Pó Branco estreia em 30 de março nos cinemas brasileiros. Confira o trailer: