Um apresentador nos convida a um programa sobre os bastidores de uma peça de teatro escrita por um autor em crise sobre sua criação e seu desenvolvimento e execução. A peça nos apresenta a uma cidade no interior dos Estados Unidos por volta de 1950 onde diversas pessoas com caminhos diferentes se entrelaçam em torno das celebrações do Dia do Asteroide, festividade do local referente a uma queda de um fragmento espacial ocorrida há muitos anos no local.

Dentro dessa matrioska somos apresentados ao fotógrafo de guerra Augie Steenback (Jason Schwartzman), um recém viúvo com quatro filhos, um dos quais irá apresentar um experimento nas celebrações da cidade, e que se encontra incapaz de contar sobre a morte de sua esposa para eles. Nesse mesmo local, aos poucos outros personagens vão chegando ou sendo apresentados como Midge Campbell (Scarlett Johansson), uma famosa atriz de Hollywood que vem à cidade com sua filha; Stanley Zak (Tom Hanks) o sogro de Augie e o gerente do hotel da cidade interpretado por Steve Carrell, além das pessoas fora da peça como o apresentador interpretado por Bryan Cranston e Conrad Earp (Edward Norton), o autor da peça.

Essa é uma das características do diretor Wes Anderson e que se mantém aqui: um grande elenco de fortes nomes, alguns com participações de poucos minutos como Margot Robbie ou Jeff Goldblum, um caso de ‘se piscar perdeu’. E claro, todas as outras esperadas como os enquadramentos, tons pastéis e a meticulosidade dos detalhes onde tudo está perfeitamente onde deveria estar. O cenário desértico com cores quentes, acaba até por lembrar animações do Papa-Léguas com um local árido cercado de um nada. Para seus fãs, um deleite porém não é um filme que criará uma nova leva de admiradores.

Ao desenrolar a trama vamos começando a entender o suposto caos instaurado nos primeiros minutos do longa. Separado em atos e cenas, somos levados aos bastidores da peça e ela de forma alternada em si até que em um momento um evento de inusitado ocorre fazendo com que se tornem brevemente presos em uma quarentena. Cada personagem, dentro e fora da peça reage de alguma forma, é afetado e se questiona sobre o que acontece, o significado do que se passa ou a busca em si pelo significado de tudo quando suas crenças são chacoalhadas.

Do autor em crise, que busca ajuda de outros profissionais a atores que passam brevemente ou não na peça, todos tem como denomidador comum a busca do sentido, seja por conta do luto como Augie, do seu lugar no mundo como seu filho adolescente Woodrow (Jack Ryan), de Midge que se questiona sobre seus relacionamentos e papeis que escolhe, da professora June Douglas (Maya Hawke) que vê o fato como uma intervenção divina.

O filme não vai explicar o sentido, terminando de uma forma que alguns pode achar que é um filme sem final. O sentido de tudo é desconhecido e continuará a ser, mas sua busca é a força motriz por trás das nossas ações e desenvolvimentos, da inquetação como a de Jonas Hall – o ator que interpreta Augie na peça – e que surge com um caminho para tal: ‘Você não pode acordar se não dormir‘ percebendo que não há como entender sem se sentir vulnerável, fato que acontece com Augie que, só quando se abre processa o luto assim como só quando Midge se abre, ela compreende suas escolhas.

E mesmo que ainda fique sem sentido, é compreensível já que nem tudo é possível de ser compreendido em determinado momento. Afinal, cada pessoa reage de acordo com suas vivências, assim como os personagens da peça e os atores dela. E para isso o filme também apresenta um caminho nas palavras do diretor da peça Schubert Green (Adrien Brody): ‘Não importa. Apenas continue a contar a história’.

Asteroid City estreia em 10 de agosto nos cinemas brasileiros. Confira o trailer: